
Celebramos neste domingo a Solenidade de São Pedro e São Paulo, considerados colunas da Igreja pela sua importância na edificação da fé cristã e no testemunho sobre Jesus, dado com coragem e esperança. Neste ano jubilar é importante, junto com a assinalação celebrativa, lermos a trajetória destes apóstolos como peregrinos de esperança, porque o encontro deles com Jesus permitiu uma nova perspectiva em suas vidas. Esta peregrinação, feita de forma diversa, na qual foram protagonistas é testemunho significativo para nós cristãos, celebrantes do ano jubilar. Para tanto, precisamos ler a vida desses apóstolos com o olhar da fé, para que nos ajudem em nosso peregrinar enquanto de acolhedores da esperança que vem de Deus e promotores de esperança que brota do nosso discipulado.
Pedro e Paulo: transformados por um encontro
Pedro e Paulo traçaram um peregrinar no qual a esperança foi o traço marcante em suas vidas e no testemunho dado.

Pedro conheceu Jesus às margens do Mar da Galileia (Mc 1,16-20; Mt 4, 18-22; Lc 5,1-11) onde desenvolvia o trabalho de pescador. A partir deste encontro, às margens do lago, foi convidado a ser pescador de homens. Motivado pela Palavra do Mestre, a qual deu crédito (Lc 5,5), iniciou uma peregrinação transformadora em sua vida que foi do território da Galileia, passando por Jerusalém, onde viu a crucificação e ressurreição, acolheu a força do Espírito Santo e teve seu momento derradeiro em Roma, onde testemunhou a fé com seu martírio. Foram momentos significativos da vida de Pedro. Aquela palavra, na qual acreditou, foi provocando seu peregrinar e neste processo foi conclamado a renovar a cada dia esperança, mas não em algo vazio, na Palavra de Jesus, aquela na qual acreditou.
Ele mergulhou na proposta de Jesus como um ser humano, repleto de fragilidades e ambiguidades, todavia disposto a caminhar, e, nesta condição, fez sua peregrinação na fé, prevalecendo a força da ação de Deus, da Palavra de Jesus, que o chamou para a missão e manteve viva a sua esperança e a convicção de que não podia deixar de anunciar o que via e ouvia (At 4,20).
Pedro: três momentos cruciais em seu peregrinar
Destaco três momentos no peregrinar petrino. Primeiro o sim dado, quando acreditou na Palavra do Senhor, como descrito acima, deixou tudo e o seguiu. Foi um ato de fé. Aquela Palavra foi capaz de fazê-lo perceber que havia algo maior, mais denso que o trabalho de pescador. Valia a pena dar aquele passo. Atendeu ao apelo vocacional. Disse sim. O segundo momento foi o da crise, da tensão e o medo de assumir a cruz. Pedro negou Jesus três vezes. Ali pesou a fragilidade humana expressa naquele discípulo. E Pedro deu-se conta da sua pequenez, da sua fraqueza. Não foi capaz de manter a sua palavra. Se o Mestre morreu na cruz, em Pedro morreu também a prepotência. Ele extravasou em lágrimas de amargura porque deu-se conta da fragilidade da sua palavra e do seu sim. Todavia, Jesus Ressuscitado o resgatou pelo amor e lhe devolveu a primazia da condução da sua messe. A Palavra de Jesus agora era de reconciliação e envio missionário: siga-me e apascenta o meu povo (cf. Jo 21,19).
O terceiro momento do peregrinar petrino deu-se no período pós- ressurreição, quando Pedro imaginava que a fé cristã deveria ficar circunscrita ao povo judeu. Aí Deus o provoca a abrir os olhos e o coração aos irmãos de outras culturas, porque Ele mesmo não faz diferença entre pessoas e culturas (cf. At 10,34). Desde o seu sim, quando iniciou uma grande peregrinação, Pedro foi provocado a abrir-se ao novo que vinha do compromisso com o Reino, quando estava com Jesus e no desafio de anunciar o nome de Jesus. Foi dando passos nesta peregrinação que permitiram que a Igreja o reconhecesse como grande referência na nossa tradição de fé.
Paulo e seu processo de conversão
Paulo encontrou-se com Jesus no caminho para Damasco (At 9, 1-19). Este primeiro encontro foi transformador em sua vida. Até então a sua peregrinação era para levar a perseguição e a morte aos cristãos. Era um caminho para levar a morte e a não para levar a vida. Seu objetivo era semear a destruição e não a esperança. A partir do encontro com Jesus Cristo tudo mudou. Foi um período tenso na vida paulina, todavia de renovação.
Primeiramente, ele foi cuidado por uma comunidade para que pudesse assimilar o novo momento e ver o mundo com outros olhos, o olhar da fé (At 9,18). Uma peregrinação na fé deve contar com a ajuda do outro. Sozinho podemos pouco e não vamos longe. Paulo precisou desta ajuda. Ananias representa uma comunidade que acolheu e ajudou Paulo neste momento (At 9,10). Em seguida o apóstolo, foi mergulhado na proposta cristã (At 9,17-19) para dar a sua contribuição como missionário. A comunidade que cuidou dele na transição, também o iniciou na vida cristã e o enviou para a missão.

Discernimento e persistência: uma marca paulina
Depois de um longo amadurecimento começou a sua peregrinação missionária na qual seu principal objetivo era levar o nome de Jesus para todas as pessoas. Para ele, evangelizar era a motivação primeira da sua vida (1Cor 9,16), a razão da sua existência. Para ele, Cristo era a razão de toda a esperança e ela não decepciona (Rm 5,5).
O período missionário não foi tranquilo. Paulo enfrentou muitas dificuldades e rejeições. Em alguns momentos sua vida e de seus companheiros esteve ameaçada. Mas ele resistiu e foi fiel, porque evangelizar era sua causa primeira, como dizia, “ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16). E realizou a sua vida neste peregrinar para ele significativo, como ele mesmo, afirma no seu testamento espiritual: “combati o bom combate guardei a minha fé. Agora me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz me dará naquele dia” (cf. 2Tm 4,7-8).
Pedro e Paulo: nossas colunas e exemplos de peregrinos de esperança
De formas diferentes e por caminhos diferentes, Pedro e Paulo encontraram-se com Jesus e esse encontro foi fundamental em suas vidas.

Imprimiu outro ritmo, uma peregrinação diferenciada.
Possamos neste ano jubilar acolher o testemunho de Pedro e Paulo. Eles revelam muito para nós. Inspirados por este testemunho possamos continuar a nossa peregrinação com fé e esperança sempre renovadas.